Motta reúne maioria para isolar PL e esvaziar anistia de golpistas
- 24/04/2025

Ato pela democracia e contra anistia a golpistas, organizada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, Largo São Francisco
A articulação fortalece Motta, que atingiu o objetivo de esvaziar a pressão capitaneada pelo partido do ex-presidente para que o tema fosse tratado como prioridade, adiando a decisão sobre a proposta e abrindo espaço para negociações nos bastidores.
Correio do Brasil
Por Redação – de Brasília
Presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) reuniu apoio suficiente entre líderes dos principais partidos da Casa para isolar o Projeto de Lei que anistia envolvidos nos ataques golpistas do 8 de janeiro de 2023, estruturado de forma a beneficiar o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL).
A articulação fortalece Motta, que atingiu o objetivo de esvaziar a pressão capitaneada pelo partido do ex-presidente para que o tema fosse tratado como prioridade, adiando a decisão sobre a proposta e abrindo espaço para negociações nos bastidores.
Motta conquistou o apoio dos demais partidos para dividir com eles a responsabilidade sobre a pauta e, com isso, deixar apenas o PL (92 deputados) e o Novo (4 deputados) no apoio para que o tema recebesse o caráter de urgência.
Tanto o presidente de Câmara quanto seus aliados afinaram o discurso para definir que é preciso mais tempo para “aperfeiçoar o texto”, antes de levá-lo ao Plenário; além de haver outros assuntos mais importantes para a população brasileira, como economia, saúde e segurança pública.
O partido de Bolsonaro pressiona para que Motta coloque o projeto em votação no Plenário, mas o presidente da Casa tenta evitar conflitos com o Supremo Tribunal Federal (STF). Os demais aliados concordam também que não é hora para mais uma corda esticada com o Poder Judiciário.
Reação
Na noite passada, enquanto acompanhava a desenvoltura de Motta junto à maioria dos deputado para derrubar o PL da Anistia, o líder do partido de Bolsonaro na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), chegou a afirmar que o partido poderá romper com o presidente da Casa e tentar atrapalhar a distribuição de emendas parlamentares, se ele não levar a votação em Plenário o requerimento de urgência.
Em minoria, porém, as ameaças da legenda de ultradireita caíram no vazio. Ainda na véspera, Motta reuniu-se com os líderes de 14 partidos do Parlamento para tratar do assunto e combinar a estratégia de isolar o PL na reunião desta quinta-feira. O encontro ocorreu logo após o jantar com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para um jantar na residência oficial.
O texto em questão também divide juristas sobre sua amplitude e sua possível aplicação também a Bolsonaro nos crimes pelos quais é réu no STF, como a liderança do golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro.